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29º Prêmio Angelo Agostini

14 jan

monica e cebola kiss

(Faz tempo que não atualizo esse meu blog profissional, criado pra falar de livros, roteiros e carreira. E não há oportunidade melhor que essa para retomá-lo!)

Na última sexta-feira estava sossegadamente cortando o cabelo quando fui pega por uma notícia inusitada.

Uma mensagem enviada por Facebook me avisava que eu tinha ganhado o tradicional Prêmio Angelo Agostini em sua 29º Edição, pelos trabalhos publicados em 2012, na categoria “Melhor Roteirista”.

Fiquei olhando pro celular, pensando se acreditava. Não que esteja reclamando XD Mas… tá certo isso, produção?

Eu? Eu, ganhando prêmio como quadrinhista?

Meu nome só aparece na última página da TMJ, em letras minúsculas, e Assombrado só teve um capítulo até agora, lançado no fim do ano.

Eu nem SEQUER SABIA que estava concorrendo!

Resolvi entrar no site da premiação pra ter certeza, e lá estava:

angelo agostini post2

O troféu do prêmio, com meu nome logo abaixo =D

O Prêmio Angelo Agostini tem esse nome em homenagem ao 1º autor de histórias em quadrinhos do Brasil (Agostini fazia “As Aventuras de Nhô Quim”, que foi publicado pela primeira vez em 1869). Criado pela AQC – ESP (Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo), o troféu é dedicado a premiar os melhores trabalhos e autores 100% nacionais do ano anterior. É um dos mais importantes prêmios da área no Brasil, juntamente com o Troféu HQ Mix.

Escuto falar desse prêmio desde que me entendo por gente e me interesso por quadrinhos, mas nunca imaginei que um dia poderia GANHAR um. 

Logo começaram a aparecer os parabéns no Facebook enquanto eu ainda estava com um sorriso bobo na cara e tentando entender como uma coisa TÃO LEGAL me aconteceu assim, do nada!

O que mais me deixou espantada foi a seguinte observação do site:

angelo agostini post_A maior participação do público na história do prêmio… SEM uma lista de indicados. Ou seja, o votante podia escrever até o nome da mãe lá e mandar (claro que não ia valer, mas vocês entenderam). 8D

Eu não fiz campanha. Estava tão ocupada com os trabalhos que nem me lembrei de votar (infelizmente). E mesmo assim, houve um número de pessoas grande o suficiente pra se lembrar de mim espontaneamente e pôr meu nome naquela cédula.

Quão emocionante é isso?  Como manifestar a gratidão por cada uma dessas pessoas que se importou em pôr meu nome naquele espacinho virtual? ❤  Com certeza, muito mais do que as palavras podem dar conta. (Que ironia, meu trabalho ser escrever e ainda assim estar sem palavras!)

Só de ser quadrinhista num mercado tão pequeno e escasso pra material próprio aqui no Brasil, pra mim, sempre foi mais que um prêmio — um milagre. Muitos desenhistas acabam se dando bem desenhando pra fora do país, mas roteirista? É uma profissão fantasma, pouquíssimo reconhecida, sequer, e sem chances internacionais.

Sendo mulher, então…

É, eu sei que muita gente acha um saco esse papo feminista (sorry for you). Mas é fato que o meio dos quadrinhos é composto por uma maioria masculina, e embora tenha havido uma grande abertura para as mulheres após o boom do mangá, em geral essas garotas são talentosas desenhistas. O roteirista, esse espécime já estranho, tem poucos exemplares do sexo feminino. (De cabeça, me lembro da Montserrat do Studio Seasons, a Fran Briggs com quem trabalhei muito no meu início de carreira, Beth Kodama e Eddie Von Feu  — que não sei se ainda escrevem quadrinhos– , além da precocemente  falecida Rosana Munhoz, verdadeira lenda na MSP.)

O julgamento alheio é sempre duro quando você é minoria numa profissão.  Quantas vezes as pessoas falavam de trabalho com meu namorado (Marcelo, também roteirista), enquanto pra mim as perguntas eram sobre cosplay? Isso quando não atribuíam a ele histórias que escrevi. A velha ideia de que “mulheres que gostam de rosa, roupas e bonecas (como eu) são superficiais” me parecia estar implícita em muitas atitudes de pessoas com quem esbarrei — embora, claro, sempre tenha havido muitos caras e moças legais que nunca tiveram essa mentalidade estereotipada.

Mas a gente nunca deve achar que a realidade é tão negativa que não possa ser mudada.

Quando escrevi a edição nº 09, meu primeiro roteiro para a MSP, entre a indignação de um público que sentia sua infância “ultrajada” (e também encantamento de boa parte do público, apenas menos barulhento que os revoltados), não faltaram pseudo especialistas do mercado dizendo Turma da Mônica Jovem não passaria de três anos nas bancas.

E lá se vão nada menos que 5 anos produzindo material pra essa revista que está na edição 53… Anos em que a TMJ só se popularizou,  onde nada foi mais recompensador que ver os leitores empolgados com histórias que escrevi, e ver a ansiedade com que esperavam a próxima edição.

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Capa da primeira história que fiz pra TMJ, “O Príncipe Perfeito” (Edição nº 9)

Se essa ambição que carrego desde criança — trabalhar com quadrinhos — hoje em dia é uma realidade, com certeza se deve a duas pessoas: o próprio Mauricio de Sousa, mais que um chefe, um visionário e um professor — ele que teve a ideia de me chamar pra escrever histórias da TMJ, “prs pôr um toque feminino, já que a personagem título é mulher” — e claro, meu namorado e herói, Marcelo Cassaro, que faz os layouts das histórias que escrevo, divide comigo as dificuldades de fazer um roteiro e tem o mérito de realizar todo o trabalho braçal e mais cansativo da tarefa.

Sem eles, nunca teria realizado nem metade do que realizei; que dirá ganhar um prêmio que fosse.

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ASSOMBRADO, projeto autoral de anos, finalmente sendo publicado


Sempre tentei ter fé, mas quando poderia prever todas essas coisas incríveis que já me aconteceram? 

Trabalhar a adolescência da mesma personagem que eu lia na minha infância.

Escrever um dos momentos mais decisivos da história da Turma do Mônica (a edição “Quer Namorar Comigo”, em que Cebola pede a Mônica em namoro — mais de 400 mil exemplares esgotados!)

Graças a essa mocinha dentuça, poder trabalhar com os personagens de Osamu Tezuka (A edição dupla “Ouro Verde”, em que os personagens dos dois mestres se encontram).

 Ser convidada a publicar meu trabalho autoraL, “Assombrado”, atualmente saindo na Ação Magazine, pela Lancaster Editorial.

Viver, de fato, de quadrinhos.

E agora, ganhar um prêmio do qual sempre ouvi falar desde criança.

Tudo isso só me mostrou que John Updike estava certo: “Os sonhos podem tornar-se realidade. Sem essa possibilidade, a natureza não nos incentivaria a tê-los.” Realmente, nada é impossível.

2013 começou melhor do que eu poderia sonhar. Não sei o que o futuro me espera, mas ele sempre me surpreende — e pra melhor.

Se esse é o começo, então esse ano realmente promete!

Por sinal, a entrega do Prêmio é no dia 2/2/2013, no memorial da América Latina, e é aberto ao público. Adoraria ver vocês lá! =D

 

Entrevista pro Blog TMJ Mania!

15 ago

No mês passado, o Pedro do fanblog Turma da Mônica Jovem Mania entrou em contato comigo via twitter e perguntou se poderia responder uma mini entrevista para ele colocar no site. Coisa chique, hein, bem!

Rolaram umas perguntas legais sobre o dia-a-dia na MSP, o trabalho com a Turma da Mônica Jovem, a edição do namoro da Mônica com o Cebola… Pra quem quiser conferir a entrevista, clique AQUI.

Não dava pra recusar, né? Além de ficar muito grata pela atenção, gosto demais dos fanblogs da TMJ que rolam por aí. O pessoal é bem novo, mas o esforço e a rapidez deles em descobrir e espalhar informação relacionada a MSP e TMJ nunca deixa de me impressionar. Já dá pra sentir de onde vai sair uma safra de futuros jornalistas…

Só tenho a agradecer ao Pedro da TMJ Mania pelo convite =)

E pra quem quiser conhecer o Blog TMJ Mania: http://turmadamonicajovemmania.blogspot.com